terça-feira, 29 de setembro de 2009

As pressões são feias!

Infelizmente, não é só nos grandes centros urbanos que os jornalistas são pressionados, mas esse facto ajuda a um fenómeno recente, junto dos jornais locais.

Embora não seja procedimento comum em todo o lado, afinal nem todos vêm a democracia da mesma maneira, o facto é que ainda se chamam jornalistas a sedes políticas para pedir explicações.

É um acto bonito? Claro que não! E atenta contra a própria qualidade da informação prestada. Mas estes actos hediondos contra a liberdade de expressão ainda são uma realidade, tantos anos depois da revolução de Abril de 1974.

Tenho de reconhecer que, pessoalmente, estou a começar a ficar cansado das pressões que vêm a ser exercidas sobre mim e sobre o jornal que edito, todas as semanas.

Ser chamado a uma sede partidária para ser encostado à parede para fazer a vontade da facção A ou B não se coaduna com a minha noção de liberdade.

Resta-me a consolação de um trabalho bem feito, que vai ser continuado na medida do possível.

Não ando a soldo de ninguém, não quero andar e só quero prestar o melhor serviço noticioso possível aos meus leitores. Serão sempre estes e não o poder político a opinião mais importante sobre o meu trabalho.

Àqueles a quem custa ver as nossas chamadas de atenção para problemas comunitários ou que não suportam ouvir a verdade, a única coisa que posso dizer é que tenho pena que não considerem o meu trabalho, e dos meus colegas e colaboradores, válido para o desenvolvimento socio-cultural das nossas terras.

Depois de tudo isto, vem-me sempre à memória o lema do "Daily Star", esse jornal criado nos livros de Lucky Luke, que dizia: "Independência sempre, Imparcialidade nunca!" Aliás, como é que podemos ficar imparciais depois de tanta atrocidade cometida contra uma classe profissional que só quer cumprir o seu dever? Claro que existem alguns que se aproveitam do estatuto que têm para chegar mais longe, conseguir puxar uns cordelinhos, influenciar... Mas esses são o refugo.

Cada vez me convenço mais que, por causa de algumas pessoas, o Sindicato dos Jornalistas devia exigir apresentação do trabalho desenvolvido durante cada período de dois anos, para assim julgar a sua competência e capacidade de desempenhar a sua função como jornalista.
Mais: não deveria ser possível a apresentação de textos avulsos, mas sim incluídos no contexto da publicação onde foram editados.

Não estou a falar de censura, estou a falar de manter o bom nome da classe jornalista, tão esfregada na lama por alguns que assim se intitulam.

Eu escrevo em jornais desde os 16 anos, passei por vários títulos, os meus textos raramente foram objecto de crítica, e os que foram tiveram a sua resposta e devida refutação. Nunca tive carteira, mas considero que o meu trabalho, a minha capacidade e preserverança são maiores que muitos encarteirados.

Passei as "passas do Algarve". Cheguei a ser perseguido de carro e estar sob ameaça à minha integridade física. Cheguei a sair de redacções debaixo de escolta policial, receber telefonemas anónimos. Nada destas coisas é novidade para mim e tratarei as ameaças que vierem como tratei aquelas que me foram feitas antes. Cada uma, sem excepção, será comunicada às autoridades competentes. Aliás, já ocorreu, há bem pouco tempo.

Mas, também os políticos deviam ter carteira profissional. Assim evitavam-se alguns dissabores. Afinal, em certas alturas, não sabemos em que qualidade estamos a falar com um entrevistado. Se como presidente de uma edilidade, membro da direcção de uma colectividade ou corpo de bombeiros, clube de futebol ou sociedade recreativa.

Um político devia ser só isso mesmo: político. Assim não podiam puxar a brasa à sua sardinha (ou sardinhas).

Foi mais um desabafo...

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Mais uma vez: parece que a montanha pariu um rato.

É a nova teoria da conspiração, mas parece-me que não estará longe da realidade.

Afinal, parece que o que aconteceu na TVI foi um "golpe de teatro".

Infelizmente, para quem, como eu, estava à espera que se cravasse mais um prego no caixão do Socas, esta história foi mesmo mal-parida... Mas do lado da PRISA.

Com a saída de Moniz, para a Ongoing (www.ongoing.com), os executivos da PRISA decidem fazer um pequeno golpe.:
Interessados na venda do grupo Media Capital a novos donos, o grupo PRISA simula uma ingerência na TVI, destinada a aumentar a simpatia do público pelos jornalistas daquela casa. E, depois disto, vender a Media Capital à Ongoing.

Assim, com este teatrinho, a PRISA raspa-se de fininho da responsabilidade de criar uma intriga política mesmo em cima das eleições, a TVI ganha ainda mais popularidade e o preço pelo qual a MediaCapital será vendido à Ongoing sobe.

Todos saem a ganhar: A PRISA que ganha mais dinheiro, Moniz que regressa à TVI, Manuela Moura Guedes continua a ser a grande defensora da Liberdade de Imprensa e a família Rocha dos Santos aumenta o seu império. Apenas Socas, que continuará a ser acusado de tentar asfixiar a democracia, poderá sair beliscado desta história mas, depois da Ongoing comprar a Media Capital todos culparão os espanhóis e seguiremos as nossas vidas felizes.

Caro Primeiro-Ministro, se esta é a história mais próxima da verdade, lamento ter duvidado de si neste caso. Já quanto a outros...

sábado, 5 de setembro de 2009

Socas e a TVI ou, a história mal-parida!

Muito sinceramente, faziam já algumas semanas que não vinha aqui escrever nada. Não é que não sentisse vontade, mas resolvi manter um certo afastamento, devido a projectos profissionais, que entretanto resultaram nisto: www.tabuaonline.com.
Mas o que me traz de volta é, de novo, o nosso actual PM: Jota Socas.
Aliás, o PM e aquela que é a sua última, alegada, patifaria.
Sim, penso que lhe posso chamar isso mesmo: patifaria. Depois de todas as que já fez (e nem me estou a referir ao Freeport). Estou a falar das patifarias governamentais.
Este senhor, ao que parece, teve um pedido atendido da direcção da Prisa, grupo espanhol de média, que detém a maioria da capital da MediaCapital, sociedade que é dona da TVI.
Isto não podia acontecer em melhor altura, ao contrário do que dizem alguns.
O nosso verão estava a ser um bocadinho previsível. Já se sabia que iam começar as acusações entre partidos, que MFL não descansaria de chamar nomes ao Socas, que Louçã estaria na linha da frente do combate pela transparência, que o Camarada Jerónimo voltaria ao palco do Avante (avante camaraaaaada, avante!).
O que não se suspeitava é que o Jornal de 6ª da TVI, ia ser cancelado. Ainda por cima, sem grandes razões. Não deixa de ser um jornal típico da TVI, com notícias sensacionalistas e que, como disse muito bem Marinho Pinto, violam todos os dias os códigos de ética, com Manuela Moura Guedes como violadora principal.
Um à parte: Saudações ao Sr. Bastonário da Ordem dos Advogados pela atitude com que enfrentou aquela tipa. A MMG pode ter carteira profissional, mas de pouco lhe serve.
A TVI, desde 2000 que mantém uma linha editorial sofrível, com poucos pontos altos (pese embora alguns prémios para algumas, poucas, reportagens de fundo) e, definitivamente, de mau gosto.
Pessoalmente nunca consegui acompanhar durante muito tempo os noticiários da TVI. A SIC, com a sua postura mais inflexivel de isenção e rigor, sempre me atraiu mais.
No entanto, a TVI, e o seu Jornal de 6ª, estiveram sempre na frente da investigação do "Caso Freeport".
Parece-me estranho, depois de ter lido algumas das coisas que se publicaram acerca do assunto, que este espaço informativo tenha sido cancelado na data de regresso à grelha, e quando se preparavam para revelar novos contornos no caso referido.
Estranho, mas verdade.
Mas, será que depois da saída de Moniz (JEM para os amigos), os patrões da TVI se aperceberam que podem ganhar muito mais credibilidade se mudarem a linha editorial? É uma hipótese, forte.
Ou, será que MMG se viu confrontada com a escolha difícil entre o Código Deontlógico e o, já notório, ódio figadal a Socas? Agora o maridinho já lá não está para ser o backup da senhora e lhe amparar os golpes.
No fim de tudo, o que interessa é que Socas sai derrotado à vista da opinião pública. São já muitos os receios de que tenha havido ingerência do PM no caso. A ser verdade, é muito grave.
Portugal abandonou a Ditadura em 1974. Depois de todos estes anos, será que nos podemos permitir a voltar a uma nova Ditadura? Podemos permitir a subida ao poder de pessoas que são suspeitas?
Esta pergunta vale tanto para Socas como para os candidatos do PSD à Assembleia da República. Ou para os candidatos a autarcas que têm ainda contas a ajustar com a Justiça (sim, é para o dr Isaltino e a D. Fátima).
Será que depois de tantos anos de liberdade, os portugueses vão deixar esta gente continuar no Poder?
Depois de conversar, demoradamente, com algumas pessoas que ao contrário de mim viveram a transição de sistema, apercebi-me que Portugal já esteve mais longe de uma revolução. Mas desta vez talvez não seja preciso que os Militares dêem o primeiro passo. Acredito que, a acontecer, a Revolução será iniciada pelo Povo. Nas ruas, a manifestar-se contra as políticas erradas do Governo, a exigir a sua exoneração.
Claro que poderá ser mais romântica, mas sem flores, que estão caras e a malta não tem guito para andar a oferecê-las.
Mas, segundo alguns, uma nova Revolução neste país terá de ser menos pacífica do que a 25 de Abril de 1974.
Posto isto, depois de escrever este post, só posso dizer que cada vez me sinto mais à esquerda (se é que esquerda e direita ainda existem). Pessoalmente sinto-me mais revolucionário.